Medo da Imigração

Texto escrito dia 20/03/19 ao cruzar fronteira Moçambique com a África do Sul

Uma viajante nata e ainda tenho medo de passar pela imigração para carimbar meu passaporte.

Como assim Rebecca?

Não sei explicar, espera acho que sei explicar…

Não é comum negras e negros viajarem e obviamente uma brasileira negra ou uma mulher latina americana, causa estranheza ao encontrarem livre, leve e solta.

Tenho que contar que não tive muitas experiências agradáveis nas fronteiras como na saída da Bolívia 🇧🇴 em 2010 ao retornar ao Brasil. No aeroporto me pediram para que eu tirasse a roupa e ficasse de cócoras, oi? Eu falo muito bem espanhol, estava sozinha e me espantou quando pediram para eu entrar em uma sala sozinha…. fiquei assustada e entrei. Eu entendia quando as polícias me ordenaram: “tira a roupa!”. Eu relutei, e fingia não entender uma palavra, elas eram incisivas e ainda pediam para eu tirar a roupa e ficar de cócoras. Eu fingia ser muito tapada e não obedecia os comandos, me passando por desentendida. Perguntavam incisivamente o que eu fazia na Bolívia sozinha, quanto tempo eu tinha ficado e o que fazia esse tempo por lá. Eu tremia, tremia e respondia essas perguntas básicas. Estava sendo violentada na imigração, eu não era o tipo de viajante que eles costumavam ver, eu estava a sofrer racismo!

Sem muito prolongar, me deixaram partir viram que eu era apenas uma aventureira em mundo alheio, não precisei tirar a roupa e nem ficar de cócoras. É acho que depois disso, meu medo de fronteiras faz sentido, muito sentido.Mas não parou por aí, quando cehguei no Brasil depois de uma viagem pela Bolívia tive minha bolsa revistada por inteira. Oh céus, precisa disso?

Na entrada no Uzbequistão 🇺🇿 procedimentos “padrão” revistaram meu computador, malas, hd, fotos no celular… jura que precisa isso? Até ouvir uma gracinha do tipo, que foto linda… ele estava me assediando, na situação de uma viajante querendo entrar no país é como levar um soco e não poder revidar.

Entrar no Cazaquistão eu tive muito medo, eu não estava ilegal, não havia pq ter medo, mas chamarem 4 polícias para conversar entre si, olharem meu passaporte, olharem o meu rosto, não sei o que eles tanto me olhavam, era como se eu fosse uma criminalista. Eu tremia, sou muito expressiva e tentava pensar o que passava na cabeça deles e o que eu tinha feito de errado, após pouco mais de 5 minutos eles disseram: pode ir! Até hoje não sei o que houve, mas eu tinha medo de voltar do Quirquistão pelo Cazaquistão e tudo isso acontecer novamente, eu estava certa no retorno questionavam meu visto.

Saindo do Tadjiquistão, após 1 ano e meio, muitos me conheciam, já estava como figurinha pública e como a garota Tajiquistão versão afro brasileira que morava em Kulob. Falava algumas coisas em tadjiqui, até que 3 mulheres me abordaram e me levaram pra salinha, nesta hora que as pernas tremiam a barriga gelava, ahhh não, logo eu a famosinha do Tadjiquistão? eu compreendia algumas palavras em Tadjiqui, mas me fingi de louca de não entender nada, perguntavam quanto eu tinha na carteira, eu dizia que não entendia, até eu responder que não tinha nada. Eu tinha dinheiro aliás estava indo para uma eurotrip, elas pegaram minha carteira, isso mesmo tiraram a carteira da minha mão e revistaram. Tinha dinheiro, tinha uma quantia razoável, mas eu escondi tão bem na carteira que elas não acharam. Me mandaram embora e não quiseram nem revistar minha bolsa, imaginavam que eu era uma mera coitada.

Meu passaporte atualmente tem 4 folhas sem carimbo, é comum eles perguntarem como eu consegui tudo isso? E o por que países tão estranhos e nada comum? Não me soa uma pergunta educada, não é mesmo?

Acho que tenho muitos relatos para ter medo dos guichês de imigração. Ser negra viajante não é algo muito comum, isso incomoda e sou, somos vítima de um racismo mundialmente institucional nesta sociedade.

Sonho no dia em que minhas pernas não tremam por medo da imigração. Que esse dia venha logo!

Ashram – Indonésia

Como prometido no post anterior sobre a Indonésia vou falar um pouco sobre minha experiência no Ashram 🙂

Pelo pouco que conheço da Ásia (cultura e países) sempre senti que eles são muito evoluídos espiritualmente. Sempre me passam a sensação do quanto eles prezam o conforto, bem estar e o respeito ao próximo. Em Bali há muitos spas, casas de massagens, escolas de ioga e ashrams.

Ashram é um espaço para autodesenvolvimento, é como um retiro espiritual. Geralmente situados em lugares um pouco mais tranquilos, afastados da loucura da cidade. O que eu fiquei era um centro de além de autodesenvolvimento, com exercícios físicos e espirituais. Cercado por campos de arroz, a 3 km de Ubud. Há algum tempo, antes da viagem ao país, eu havia começado um trabalho de autoconhecimento. Nada muito complexo, como ficar num ashram. E uma amiga que já tinha viajado à Indonésia me indicou o Ashram Anand Ubud (Fundado pelo humanista espiritual Swami Anand Krishna).

Acessei o site deles e as informações eram muito claras sobre os objetivos do espaço, como funcionavam, a estrutura e o que se poderia esperar. Troquei alguns e-mails com a equipe e acabei fechando os meus 4 dias.

Eu até tinha a possibilidade de ficar mais, mas como não sabia como seria a minha experiência, decidi ficar apenas esse período.

Fiquei com aquele friozinho na barriga de como seriam os meus dias no ashram. Tanto pelo fato de serem vegetarianos quanto com o fato de eu ter que conviver com pessoas que eram mais evoluídas espritualmente do que eu. Mas como na maioria das situações, minha experiência fui muito melhor do que eu estava imaginando!!!! 🙂

Conheci pessoas que também estavam pela primeira vez passando por aquela experiência. Que para elas também era tudo uma novidade. E o mais engraçado, estavam tão perdidas quanto eu! rs

Cheguei no ashram no início da tarde. Fui super bem recebida. A equipe toda fala um inglês muito bem compreensível. E me mostraram o espaço inteiro. E esse foi o primeiro momento que notei que eram pessoas ‘normais’ rs. Não sei que mania que temos de fantasiar as coisas né? Sim.. eles sorriem, brincam, fazem piadas.. Tudo como qualquer outra pessoa! 

Como em muitos estabelecimentos e casas, ficávamos descalços em nossos quartos ou locais sagrados. Antes de chegar na área dos dormitórios já havia um lugar para deixar nossos calçados. Uma curiosidade, cada quarto tinha o nome de um deus hindu. O meu quarto se chamava Bhavani (pela minhas pesquisas: doadora da vida; o poder da natureza ou fonte de energia criativa)! Bem inspirador! :)))

Nossa programação começava bem cedinho.

Das 6h00 até 6h30 tínhamos o chanting (canto de mantras). Começava pontualmente às 6h! A equipe tinha todo um cuidado de deixar disponível a letra dos mantras para que pudéssemos acompanhar.

Após o chanting tínhamos o agnihotra (cerimônia do fogo para limpeza do corpo, mente e emoções; também para a purificação da alma e do ambiente). Era uma cerimônia curta mas era um dos momentos que eu mais gostava. Achava muito lindo e me sentia super bem. E era o momento mais familiar que eu tinha. Porque eu conhecia um dos mantras que era cantado durante a cerimônia (Mantra Gayatri) 🙂

Ás 7h30 era o momento da ioga. A aula era muito inclusiva. Não havia asanas (posições) complexas, difíceis de fazer. E foi lá que eu aprendi posições super simples para trabalhar questões super complexas em nosso interior. Ioga é uma filosofia de vida!

E por fim o café da manhã! Isso mesmo! Depois de todas essas atividades, por último vinha o café! E juro que ninguém caiu duro de fome.

Sobre o momento das refeições

Realmente não imaginava quantas opções de pratos havia no cardápio vegetariano. Tanto o café da manhã quanto o almoço eram muito variados. Com pratos indonésios e indianos. A melhor parte era a socialização. Era neste momento que todos se juntavam à mesa para comer. Todos mesmo. O cozinheiro, a professora de ioga, o ‘rapaz do chanting e da cerimônia do fogo’… sempre tínhamos longas conversas. Todos brincalhões, simpáticos e sorridentes. É engraçado pensar que só porque as pessoas seguem uma filosofia de vida você acha que elas não expressam sentimentos algum.. “não vivem”. Posso dizer que os momentos das refeições foram para eu quebrar vários preconceitos.

A parte da tarde era basicamente livre. Podíamos fazer trabalho voluntário. Tinhamos acesso à pequena biblioteca; à healing pool (piscina de purificação – pensem numa água gelada!) ou podíamos dar uma voltinha pela região.

Há templos e belas plantações de arroz por todo o lado. Eu gostava muito de ir a um warung (café/restaurante) próximo ao ashram. Foi um outro lugar que percebi que o indonésio tinha senso de humor. Havia várias plaquinhas com dizeres bem engraçados.

Cada noite havia uma programação, todas sempre iniciadas com o chating. Algumas atividades eram abertas aos turistas e outras para os locais. Eu pude participar do Satsang Spiritual Dialogue com o Swami Anand, esse era o momento que ele abordava algum assunto e deixava aberto para discussões, era bem um bate papo mesmo; e em outra noite tivemos o Inner Jorney Meditation (meditação). 

É uma vivência que acredito que todos deveriam passar em algum momento da vida. Claro que não precisa ir até a Indonésia e nem seguir uma religião específica. De repente até fazer uma simples viagem sozinha. O fato de ficar conectado consigo mesmo, longe da loucura do dia a dia é realmente renovador!

Posso dizer que foi uma experiência que levarei comigo em minha vida toda.

ID Jovem – Viajem InterEstadual de ônibus baixo custo para jovens (15 e 29 anos)

Você que tem entre 15 e 29 anos, já pensou em viajar da Bahia para São Paulo por um preco que parece mentira

Nós Bitonga Travel temos o objetivo de incentivar e apoiar mulheres negras à viajarem, acreditamos que viajar dentro do proprio país é um ótimo início. E para a nossa juventude e de baixa renda daremos uma dica valiosa. Viajar para outro ESTADO a baixíssimo custo é possível!!! Você irá arcar com taxas administrativas que são bem pequenas, mas para isso você precisa ser e/ou ter:

  • Ter entre 15 e 29 anos, sendo estudante ou não;
  • Estar inscritos no CadÚnico com NIS ativo e com informações atualizadas há pelo menos 2 anos;
  • Possuir renda familiar de até 2 salários mínimos (R$1874,00)

Fomos procurar todas as informacoes possíveis para deixar aqui em nosso Blog e para não sermos redundates nas informações recomendamos que vocês acessem o site https://idjovem.com/ para sanar todas as dúvidas possíveis e imaginárias. Devo dizer que ficamos bem satisfeitas e quão informativo é o site do ID Jovem.

Mas gostariamos de compartilhar algumas mulheres que temos com referências que usam esse direito at’e para você possa se aproximar e quem sabe trocar experiências reais. 

Barbara Terra @barbaraterra_

Camila França @camila.franca

Geinne Monteiro – @geinnemonteiro

Het Heru – carecaela

Jhenifer Santini @jhenifer.amora

Mary Ellen – @americaspretas

Manoela Zauditu – @viajante_semgrana

Sobre a África do Sul

Viajei pela Go Diáspora, empresa especializada em viagens e intercâmbios para o continente africano. Obtive todas as informações por meio da agente de turismo dessa empresa. Brindes e suporte no Brasil e no exterior, dicas de visitações tudo personalizado de acordo com o perfil do viajante.

Para viajar precisa de passaporte e não precisa de visto até 90 dias, vacina de febre amarela tomada e com certificado internacional ou pode ser barrado no aeroporto.

Comércio em rands o real é bem vlaorizado, A maioria dos estabelecimentos possuem wi-fi livre.

É possível se virar com inglês básico, pois é esse o que eu tenho, foi bom viajar para quebrar a barreira de “não poder viajar por não ter inglês avançado.”

As marcas do apartheid são bens visíveis no cotidiano da cidade,  a história do pais é contado o tempo todo nos walking tours e museus. Senti segurança em relação a violência física e abordagem não acontece, porém há golpes bancários, que eu por exemplo sofri em relação ao cartão. Então muita atenção quando for fazer movimentação bancária, usar de preferência caixas em shoppings e não em bancos.

Encontrei muitos brasileiros na Cidade do Cabo, por ser um destino relativamente barato para turismo e estudos.

Visitei uma township com o apoio de um guia local , onde pedalei pelas ruas com uma bicicleta dupla , já que ainda não sei pedalar sozinha…

As townships foram criadas na época do apartheid, com o propósito de manter a população negra afastada dos brancos.  A maioria dos seus moradores sofreu devido às más condições de habitação e dos sistema de água e com a super povoação dos locais.  Mesmo com o fim do apartheid em 1994, antes da eleição de Nelson Mandela, as townships ainda continuaram existindo devido aos problemas econômicos da África do Sul, mas a atmosfera de união, força e amor ainda pode ser sentida nos locais.


A Tonwship que visitei foi Langa, cercada por cabanas por fora, Langa é uma comunidade que por dentro apresenta casas de tijolo, lojas e mercados movimentados.  Um dos locais mais importantes é o Tsogo Environmental Resource Center, uma fábrica de reciclagem que ensina os residentes a transformarem coisas como fio de telefone e pedaços de plástico em objetos que podem ser vendidos como arte.  Há ainda turmas para turistas nesse centro.

Outras atrações incluem o shebeen Tiger’s Place; o “sangoma” local, uma espécie de curandeiro; uma área nobre conhecida como “Beverly Hills”; e o centro educacional Chris Hani School, que funciona graças ao trabalho voluntário de seus funcionários.

Cultura

De um lado música européia e de outro e que mais me agrada, música dos povos originários sempre ao som de vozes potentes ao vivo , xilofones e djembes

Vale muito a pena reservar dois dias para visitar os museus

A África do Sul está bem dotada com uma variedade de museus. Incluem-se nessa ampla lista a Galeria de Arte da África do Sul na Cidade do Cabo, o Museu do Apartheid em Johannesburg, o Museu Nacional de Literatura Inglesa em Grahamstown, o Monumento Afrikaanse Taal (museu de línguas) em Paarl e o Robben Island, onde o ex-presidente Nelson Mandela foi aprisionado por 27 anos. Como resultado da pesquisa histórica e exibições, os museus são a principal fonte de evidência material da história, cultura e herança da nação.

Museus Online da África do Sul

Próximo a Cape Town não há nenhum vilarejo rural para ter a experiência de visitação de povos com culturas sem interferência urbana…


Mandela é uma figura marcante em toda a África do Sul, o país também é conhecido como a nação arco-íris por conta da diversidade de raças,

Rosas da Escravidão

Poesia escrita pela negra viajante Innocência Theodorica Sant’Anna Julia

São Paulo 01-10-2009 ao celebrar os seus 90 anos de idade

Para saudar a mãe Aparecida
Eu fui buscar das flores a rainha
Para depor aos pés da Mãe querida
Rosas em flor e a poesia minha

Tu, que em tua imagem venerável
Quiseste ter a cor da nossa gente,
Que salvaste o escravo miserável
Partindo com amor sua corrente.

Recebe, Mãe, o grito de noss’alma
Que não é mais gemido de senzala,
E sim, buque de rosas perfumadas
Ornando sua imagem nesta sala

Que sejam rosas rubras todo sangue
Derramando em tantos pelourinhos
e em vez de ódio, revolta ou vingança
Deste-nos gesto de amor e de carinho!

Que cada gota de sangue, cada lágrima
derramadas em meio a tantas dores,
Transforme-se em pétalas orvalhadas
De mil e uma perfumadas flores.
Diante de Deus de amor e de teu Filho
Só é nobre quem tem do céu a graça!
Por isso, Mãe, eu venho agradecer-te
Por seres semelhante a minha raça!

Mochilão Sabático pela Amazônia

Período: agosto de 2017 – setembro de 2018

SEMEADOR DE ÁGUAS
O que é a Amazônia? O que a região Norte pode me oferecer? Novas culturas, comida, pessoas, especificidades do lugar, aprendizados? Tinha uma vaga noção por causa de alguns documentários e livros que engoli antes da viagem. Mas, para ser honesta, eu não sabia o que iria encontrar. Essa viagem foi um semeador de águas. Eu nunca mais fui a mesma. A viagem, a priori, seria conhecer algumas capitais e cidades mais turísticas da Amazônia. Imaginava permanecer por lá entre 2 e 3 meses. Porém, nada saiu como planejado. Consegui trabalhos voluntários e remunerados pelo caminho, além de abrir meu leque de opções em relação a lugares, como comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas. Fiquei um ano viajando. Percorri três estados (Amazonas, Roraima e Pará) e dei um pulo na Venezuela

POR QUE VIAJAR?
Na verdade, estava finalizando minha pós-graduação em Gestão Ambiental, quando decidi viajar. Estava desempregada na época, tinha uma pequena poupança, estava cansada mentalmente por conta da monografia e tinha terminado um relacionamento. Realmente, eu precisava ficar um tempo sozinha e longe daquela vidinha rotineira. Tomei todas as vacinas possíveis, entreguei meu TCC no sábado e, dois dias depois, peguei um avião com destino a Manaus. Dei um até breve para minha família, mas, na verdade, só fui reencontrá-los 12 meses depois.

POR QUE AMAZÔNIA?
Queria conhecer a Amazônia. Apenas. Objetivos não estavam totalmente delineados, até porque saí de São Paulo com um esgotamento mental gigante. Confesso que cheguei bem avoada na capital amazonense. Quando tive meu primeiro contato com o Parque Nacional do Jaú (iria ficar 1 mês… acabei ficando 4), parecia uma criança num parque de diversões. Aos poucos, comecei a fincar meus pés na Terra, melhor, literalmente, nas águas mornas do rio Negro. Respirei fundo e percebi que não voltaria para a cidade cinza tão cedo. Eu me sentia livre, completamente livre das amarras capitalistas. A partir dali, percebi que as capitais seriam apenas uma base para as logísticas seguintes. Queria mesmo era ficar o mais próximo possível da floresta amazônica. Expectativa explodia a cada instante. Fui recompensada.


O ACOLHIMENTO
Fui muito bem recebida em todos os lugares por onde passei. Eles não entendiam bem a minha motivação em deixar minha família e viajar sozinha pela região Norte. Alguns comentaram que eu estava fugindo de namorado (já perceberam como é difícil para as pessoas entenderem a nossa motivação por viagens sem macho nas costas). Outros ficaram absortos com a minha coragem. A grande maioria me felicitou e disse que quem bebe da água dos rios da Amazônia, nunca mais volta para casa e, se volta, apenas por um breve período. Eles acertaram. Estou em São Paulo nesse momento, mas penso todos os dias em voltar… e para morar!

MEUS QUARTOS ITINERANTES
Quando trabalhava nas unidades de conservação, eu pernoitava nos alojamentos para voluntários. Em grandes capitais, solicitava hospedagens pelo Couchsurfing. Na medida em que queria privacidade, ia para um hostel (bacana que os hostels que visitei, estavam sempre vazios, consequentemente, dormia sozinha!). Em algumas vilas, os moradores, gentilmente, me cediam uma pequena área que eles não usavam, até dormi no relento mesmo. Armava minha rede e capotava olhando as estrelas.

PS: 70% dos locais por onde passei, dormi em rede. Os primeiros dias foram bem difíceis, fiquei com muita dor nas costas e na região do pescoço. Mas, depois, acabei me acostumando. Confesso que sinto até falta.

LUGARES POR ONDE MOREI
Na verdade, determinei alguns lugares base. No caminho, fui alterando conforme orientações de mochileiros e pesquisadores (sim, encontrei muitos que me deram dicas supimpas) e, claro, em relação a grana também. Se algo ficasse dispendioso, eu eliminava e mudava os planos. Viajar sem saber para onde ir no outro dia, foi uma escolha certeira.

Tive a oportunidade de conhecer Novo Airão, São Gabriel da Cachoeira e Manaus (cidades do Amazonas). Em Roraima, visitei a capital Boa Vista e Tepequém. Tive um affair venezuelano nessa última vila e decidi partir para a Venezuela com ele (foi onde eu conheci a massagem tântrica – loucura, loucura, loucura!). Fiquei uns quinze dias por lá (nas montanhas e de frente para o Monte Roraima) e, tempos depois, resolvi voltar para o Brasil, especificamente o Pará (Alter do Chão, Ilha do Algodoal e Belém). Poucos lugares para muito tempo… devem estar pensando… Todavia, meu foco é qualidade e não quantidade!

Linha Imaginária do Equador em São Gabriel da Cachoeira

A GRANA
Eu tinha uma poupança de 5 mil reais. Certo que, se o dinheiro acabasse, eu teria que voltar para casa. No caminho, trabalhei e ganhei um pouco mais. Com hospedagens, não gastei muita coisa. Os gastos giravam mesmo em torno de comida, deslocamentos e alguns produtos de higiene. O único dinheiro oneroso que me arrependi profundamente em ter gastado, foi com o notebook. Ele apresentou defeito por duas vezes e tive que ir até Manaus para consertá-lo (utilizava para trabalhar, escrever e editar fotos). Uns dois meses depois, ele morreu. Aí, tive que andar com esse trambolho horroroso a viagem inteira, porque as despesas de envio para casa, faria falta futuramente.

O QUE EU AMEI CONHECER?
Foram tantas coisas, impossível numerar todas. Tudo, na verdade. Foi mais que um aprendizado… Mas, conhecer um dos maiores rios do mundo, pernoitar na floresta amazônica com aquele barulho ensurdecedor que ocorre a noite (a floresta ganha vida), compartilhar momentos com indígenas em São Gabriel da Cachoeira, ou mesmo, conhecer pessoas interessantes pelo caminho, não tem preço. Nem consigo explicar detalhadamente toda a minha alegria. Fico emocionada só de relembrar. Só sei que: meu objetivo a médio prazo é voltar de mala e cuia para lá! Ainda não defini o estado, só questão de tempo e oportunidade. São Paulo não faz mais parte dos meus planos no futuro.


O QUE EU TROUXE DA AMAZÔNIA PARA SÃO PAULO
Meu desprendimento e o minimalismo. Viajei com pouca roupa/grana e vivi muito melhor do que se tivesse em SP. Levo uma vida confortável no sudeste e, sinceramente, não senti falta de absolutamente nada nesse período. Só saudade da minha família e do meu cachorro.

Hoje, eu abraço mais as pessoas. No decorrer da viagem, também diminuí o consumo de carne vermelha. Ao voltar para a realidade, doei roupas, comecei a vender objetos que não uso mais, quero praticar o desapego. Além, claro, de erguer a bandeira da libertação das mulheres com mais afinco e responsabilidade, visto que, na minha caminhada, sofri um bocado com o machismo…



POR QUE TODOS OS BRASILEIROS PRECISAM CONHECER A AMAZÔNIA ?
Muitos brasileiros não tem ideia dos povos que moram na Amazônia e muito menos da sua importância! Antes de ir para lá, nenhum dos meus amigos conhecia essa região. Vivo numa bolha onde a grande maioria prefere conhecer América do Norte/Europa e nem ao menos avalia visitar alguns lugares do seu próprio país. Fui na contramão. O bacana é que, na viagem, através das minhas postagens numa rede social, algumas pessoas mudaram de rota e deram oportunidade para a região norte. Pessoas que não imaginava estarem ali. Até minhas irmãs e meu cunhado foram me visitar. Ahhh, como fiquei feliz.

Ilha do Combu

Como reflexão, preciso deixar bem claro: precisamos da floresta em pé e necessitamos de mais pessoas engajadas na conservação e/ou proteção daquele bioma. O agro não é pop. Saibam disso. Eu, como ambientalista, lutarei até o fim dos meus dias pela Amazônia

Icoaraci, maior núcleo de produção de cerâmica artesanal do Pará

E AGORA?
Bom, voltei para São Paulo e estou em busca de trabalho. Ficarei um tempo por aqui pela minha família e, principalmente, minha mãe que não estava bem de saúde. Nesses últimos dias, estava voluntariando num parque nacional em Minas Gerais – uma unidade de conservação que abriga o Pico da Bandeira. Fiquei 1 mês por lá. Agora, novamente em Sampa, estou colocando minha vida em ordem e batalhando por um trampo.

Amanhecer em Algodoal

Tropeçando em Curitiba-BR

Olá seguidores, meu nome é Daniela, conhecida nas redes como “Danickela” e estou colaborando com injeção de coragem e curiosidades para mais e mais pretas viajarem por aí.

Bom no começo deste ano, decidi presentear meu irmão com uma viagem. Ele fotografo, não tinha vivido ainda a experiência de viajar de avião, então, como somos de São Paulo, escolhi uma trip curta porém cheia de cultura: Curitiba.  A cidade é um charme, organizada, limpa, e os Curitibanos, muito receptivos (se eu pudesse colocava em um potinho sabe? Todos nos ajudaram muito o tempo todo, amei!).

Bom viajamos em uma sexta feira pela manhã, e voltamos domingo a noite. Logo 3 dias para explorar. Sim dá pra fazer bastante coisa (se você for daquelas pessoas que adoram andar claro). Nosso hotel ficava perto do centro e de Batel, então gastamos 30 reais de Uber do Aeroporto até o Hotel. Chegando lá, primeiro fomos resolver uma confusão que fizemos na compra do passeio de trem (conto já já) e depois passear pela cidade, pelos principais pontos. 

A melhor forma de conhecer a cidade sem perder tempo é comprando o bilhete do ônibus Turístico de Curitiba que custa R$50,00 10 viagens. Dica, esse bilhete não é individual, então se você estiver em duas pessoas por exemplo, pode dividir 5 viagens para cada um.

Paramos nos principais pontos como Jardim Botânico, Opera de Arame, Bosque do Alemão, Museu Oscar Niemeyer. 

No Museu realizamos a visita, em aproximadamente 2 horas, mas pra ver tudo sem correria creio que o ideal seriam 4 horas. Como não tínhamos todo esse tempo, passamos somente nas exposições do nosso interesse (no caso as de fotografia em especial pelo meu brother).

A Opera de Arame achei um espetáculo aparte. Um lugar lindo, com um jardim em volta muito bacana, além das apresentações flutuantes que acontecem durante o dia. Fiquei lá dentro imaginando uma apresentação de música naquele lugar. Fica pra próxima visita.

Finalizamos nossas paradas de ônibus no parque Tanguá. Um parque lindo, bem alto, com uma vista da cidade muito bacana, com cliques certos de fotos lindas!

No dia seguinte realizamos o famoso passeio de Trem, pela Serra. Este passeio é imperdível, e essa estrada de trem foi eleita uma das mais lindas do mundo pelo The Guardian.

Os valores vão de R$65,00 á R$297,00. Agora vamos as dicas desse trem: O valor mais em conta, só pode ser comprado diretamente na bilheteria da Serra Verde Express em Curitiba. O valor de R$297,00 inclui a descida de trem, subida de Van, passeio em Antonina e almoço típico. Meu irmão e eu escolhemos este pacote. Uma outra dica, se for aniversariante, tem um desconto considerável viu, mas também apenas comprando diretamente na bilheteria. 
É daqueles passeios para ficar de olho na janela do trem, respirar o ar puro, e ter 4 horas de descida em meio a paisagens lindíssimas.

Chegando em Morretes, ponto final do trem, você pode almoçar o famoso Barreado, visitar lojinhas e feirinha de artesanato. A cidade é um charme, vale fazer cliques lindos por lá.

Bem próximo fica a cidade litorânea Antonina, famosa por ter batido o record de sensação térmica em dezembro de 2018, beirando os 80°C. Como fiz esse passeio no pacote, passei rapidinho por lá, mas super vale a visita.
Neste dia jantamos no Hard Rock de Curitiba, foi bem legal porque rolou um show de Rock ao vivo, além do lanche que vale muito a pena! 

No domingo nosso último dia, decidimos passear a pé pela cidade. Então visitamos os pontos turísticos do Centro, como a Universidade, Passeio Público, Feirinha de Artesanato. Tudo a pé, de um lugar ao outro.

Uma dica que não constava nos blogs que visitei antes de viajar, montando meu roteiro, foi a visita sem querer ao Museu da Fotografia. O lugar é gratuito, muito lindo, e com exposições muito bacanas. Vale a visita, fica no caminho da feirinha.

E não podia faltar para primeira visita, almoçar no famoso restaurante Gigante Madalosso. Fomos de Uber do hotel até lá. Esperava mais em relação a comida, não achei nada espetacular, mas se existe um lugar que você comerá até morrer é este kkkk! Como o espaço é bem grande, existem salões diferentes para atender a todos sem ficar bagunçado. Achei bem organizados. Para primeira visita vale a pena, é o famoso: Eu fui!

Depois passeamos mais pela cidade e finalizamos no Lucca Cafés Especiais. Sério, se você ama café, não deixe de visitar este lugar. Possuem cafés de diversos lugares do Brasil, e o preço é bem justo. Como eu não sou fã de café, acabei tomando o café do dia, e provando um macarron delicioso. Meu irmão tomou um café com toques de laranja, ele adorou.


Curitiba é daquelas cidades que você é bem recebido, e consegue aproveitar com poucos dias. Um final de semana sem dúvidas seria bem interessante. Três dias, lindo demais, uma semana, creio que seria o ideal para aproveitar tudo com mais calma, e visitar cidades vizinhas. Eu amei, e criei um carinho e tanto pela cidade por ter sido a primeira trip de avião com meu irmão. Então sem dúvidas voltarei um dia!