Ser Mulher é Ser Manacage

Vamos de poesia? Viajemos pelo universo poético de mulheres negras africanas e poeta. Uma poesia diretamente da cidade de Quelimane, feita por Fátima Abel de Matos

Manacage é a força da natureza

Manacage traz consigo as virtudes da vida

Tu Manacage Lutaste Pela Liberdade

Aqueles que hoje a humilham, não sabem o quanto custo a própria liberdade

Manacage é Ancestralidade

Manacage tu és o elemento Importante na Diversidade

Manacage és a Força viva de se tracejar

Manacage tens uma alma pura condenada em deixar o Próprio véu rastejar

Hoje te tornaram uma Manacage na desgraça nua

Os teus traços lindos perdidos na lua

Não sabes o quanto retardaste a minha Idade

Ah então é assim, nos dias de hoje faz-me perder credibilidade 

No meu ventre te tornei um embrião

 Ainda deixas mi dormir sem colchão

Porque a minha luz o incomoda é mi colocas no chão

Sou Manacage forte como a montanha, com um coração do tamanho do mar

Acolhedora como a mamã africa, aquela que acolhe todos quando a te chegar

Manacage tu és o símbolo da Humanidade.

Autora ꓽ Fátima Matos

Fatima Abel Matos, nasceu aos 10 de novembro de 1994 na cidade de Quelimane Província da Zambézia – Moçambique.  Formada na área de educação de infância e empreendedorismo. Fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras da Zambézia e Associação Raparigas+Visão. Trabalha no Departamento de Recursos humanos, exercendo a função como Técnica de RH na Universidade Católica de Moçambique /Quelimane, também é produtora do arroz orgânico na Zambézia, Ativista social, atualmente frequenta o 4 º ano no curso de Gestão de Recursos humanos na Faculdade de Ciência Sociais e Politica-UCM. Participou em 2019 na coletânea Internacional Intitulada “Mulher e os Seus Destinos “com uma Antologia de Poesia “Ser Mulher”, recentemente no Mês de Fevereiro de 2020 Participou na coletânea Nacional Intitulada “Poemas e Cartas Ridículas de Amor” com uma Antologia “Quero Construir.”                               

Leia também

Mochilão sabático em Alter do Chão

Mulheres negras por elas mesmas – 3 Negras viajantes que inspiram

Mulheres negras por elas mesmas – 3 Negras viajantes que inspiram, a história de Dona Elza (mãe), da Odara (filha) e da Andreza Jorge do complexo da Maré para o mundo.

Hoje faz exato um mês que eu Andreza Jorge passei o primeiro dia em uma viagem internacional com minha mãe e minha filha.

Pra muitos esse feito talvez não signifique nada e tudo bem… acho estranho também isso significar tanto pra mim, mas a realidade é que tenho 31 anos de idade e já viajei internacionalmente 5 cinco vezes e todas elas tiveram a ver com minha trajetória e empreitada profissional depois dos 20 anos de idade, nunca foi por lazer simplesmente, como já vi acontecer por aí…


Minha mãe Elza Jorge tem 62 anos e foi a sua primeira viagem internacional, que só foi possível ser assim, por lazer, pq já há muitos anos trabalhou para que eu, hoje, possa viajar a trabalho.

Mulheres negras por elas mesmas - 3 Negras viajantes que inspiram Elza Jorge, Alice Odara e Andreza Jorge
Elza Jorge, Alice Odara e Andreza Jorge


No entanto, Alice Odara, com 5 anos de idade, tem sua primeira viagem internacional por lazer e ao lado de sua mãe e sua avó…


Inimaginável pensar nessa possibilidade se partir apenas de um recorte sobre minha trajetória que é marcada pelas desigualdades ao estamos inseridas… No entanto é também essa trajetória, forjada na maioria das vezes por mulheres e suas histórias que permitiram e permitem que os ciclos se renovem…


Foi preciso, mas eu desejaria profundamente que não, que Dona Tina, minha avó, não tivesse vivido em casa de madame desde sua infância até a vida adulta para criar 6 filhos, foi preciso que Dona Elza tivesse ousado romper com o ciclo de trabalho doméstico que se iniciou aos 14 anos em casa de família para conseguir outras oportunidades para criar 2 filhos e somente por isso, eu hoje acesso a lugares que sempre nos foi negado, para que Alice Odara, possa transcender a experiência única que dizem sobre seu corpo no mundo.

Alice Odara uma criança negra e favelada da Maré, experimenta e experimentará através desse ciclo e força de mulheres que nos antecede…Creio convicta.

Negras Viajantes que inspiram - Alice Odara
Alice Odara


Por isso, compartilho aqui tbm, mais uma feita, justo hj, no dia Internacional da Mulher….

Dona Tina, dona Elza e Alice Odara terão em minha vida a realização de um sonho: Ser a primeira da família a fazer um doutorado!!!


Ontem recebi a notícia de aprovação no doutorado na Escola de Comunicação da UFRJ.

É a minha vida que faz a ligação entre trajetórias tão distintas como a da minha mãe e da minha filha, mas somente por elas e pelas que antes foram, que essa trajetória EXISTE.

É assim, sempre tem sido, mulheres negras por elas mesmas…somos muito além do que nos impuseram, pq nós somos circulares e sempre adiante…


Obrigada a todas envolvidas, as mulheres da minha família que entenderam o real significado da vida de Dona Tina e honram essa história partindo desse lugar de pertencimento e JAMAIS elegendo, ao votar em representantes que odeiam tudo que ela representou… Somente a esses familiares eu agradeço, aos outros eu só sinto pena msm.


Agradeço as minhas amigas que compreendem as vitórias individuais como sonhos coletivos e inspiradores…

Negras Viajantes que inspiram - Andreza Jorge, Alice Odara e dona Elza Jorge em Nova York na primeira viagem internacional
Andreza Jorge, Alice Odara e dona Elza Jorge em Nova York na primeira viagem internacional

Será muito desafiador, mas a Dona Tina merece ter uma neta doutora, a Dona Elza merece ter uma filha doutora e a Alice Odara merece ter uma mãe doutora!!!

https://www.instagram.com/andrezajorge01/

Axé e bons ventos sempre!!!

Conte sua história para gente e vamos mostra aos quatro cantos histórias de mulheres negras viajantes que inspiram.

bitongatravel@gmail.com

Mulheres negras viajantes e a sua (R)existência no mundo

Aqui quem vos escreve é Rebecca Alethéia, uma mulher negra viajante e cidadã do mundo que neste momento encontra-se na estação ferroviária de Caia, Província de Sofala — Moçambique e retrata mulheres negras viajantes.

Pensar em mulheres negras viajantes como forma de (R) existência é praticamente impossível não conseguir retratar este cenário do qual estou vivenciando, a ferroviária.

Estação de Caia – Moçambique

Talvez você não saiba que Moçambique tem caminhos de ferros que ligam boa parte do país  e que funcionam muito bem, seguros e confortáveis. Decidi encarar essa viagem de comboio para realmente poder ter essa experiência de trem (comboio, como eles chamam por aqui).

Uma curiosidade é que existem muitos trens funcionais por países na África assim como já falei num vídeo no YouTube: trem na África do Sul.

As Mulheres negras viajantes e a sua (R) existência no mundo é algo milenar, tentarei contextualizar melhor sobre. Neste exato momento são quase 3 horas da manhã e adivinha?  O trem que iria passar as 22horas atrasou, a previsão de chegada é as 5 da manhã.

A quantidade de mulheres me impressiona, mulheres de todas as idades, todas as religiões, solteiras, casadas, divorciadas e as viajantes com filhos. Engana-se quem pensa que as mulheres negras não viajam ou que apenas viajam as que tem dinheiro. Seguiremos viagem juntas por mais de 10 horas para a cidade de Tete – Moçambique. Esse é o meio mais barato e seguro.

As mulheres africanas trazem consigo particularidades, andam sozinhas, porém sempre juntas. Ela pode vir só, mas irá se juntar à la outras mulheres no intuito de serem mais fortes, de terem apoio, de uma proteger a outra.

Existem muitas mães com os seus filhos, a madrugada sempre é a hora da mamada das crianças, não me impressiona ver muitas delas despertando com uma leveza para dar de mamar aos seus filhos, com uma naturalidade que não há choro, gritos. O único som que ecoa é do bar próximo da estação de trem, que não abala a dormida coletiva na ferroviária.

Dormir no chão é um hábito africano, o sono vem e deitar no chão não tem sido problema, as mulheres para lá de prevenidas colocam a sua capulana no chão, assim como se enrolam com outra capulana para barrar a brisa da madrugada e se proteger dos insetos.

Trazem consigo as suas malas, cestas, trouxas e todos os itens necessários para a sua viagem. sinto-me em um cenário de filme de Hollywood ao ver na madrugada casais de jovens namorados a caminharem pelo trilho a se flertarem e esperarem o trem. Ela vai partir e ele irá ficar…

Existem 3 classes neste trem, 1ª, 2ª e 3ª. Infelizmente as pessoas só têm condições de comprar a terceira classe, mas te digo que a primeira já está cheia. O trem é o meio mais barato de locomoção e para  essas mulheres o que importa é chegar.

No mês em que fazemos alusivo ao dia  internacional da mulher, escrevo esse relato de  história real de mulheres negras viajantes que talvez não seja instagramavel ou ganhadora de milhões de likes, mas que elas estão a se mover, percorrer e pertencer. Não é de hoje, é milenar, mulheres negras viajantes  existem, resistem diariamente pelas estradas, rodoviárias, ferroviária e avião.

As nossas vidas são diferentes e precisam ser tratadas com diferenças, especificidades e cuidados, por esses e outros motivos por conhecer que a trajetória de uma mulheres negras tem o seu diferencial e trás consigo muita ancestralidade, os países  africanos e continentes nomearam datas específicas para as mulher negras, além do dia 8 de março, por reconhecerem suas particularidades são elas:

30 de Janeiro — Dia da Mulher Guineense em homenagem a Titina Sila, a mesma lutou ao lado de Amilcar Cabral pela Independência da Guiné-Bissau. Foi morta em uma emboscada em 1973. Em sua homenagem, e as outras mulheres que combateram pela independência do país, foi instituído no aniversário da sua morte pelo dia Nacional da Mulher Guineense.

2 de Março – Dia da Mulher Angolana, celebra-se o reconhecimento ao seu papel empenhado na luta de resistência do povo angolano contra a ocupação colonial portuguesa.

Negras viajantes angolanas

7 de Abril — Dia da Mulher Moçambicana, aniversário de Morte de Josina Machel, segunda esposa de Samora Machel primeiro presidente de Moçambique, Josina Machel se juntou à luta armada de libertação ainda jovem e considerada uma heroína de Moçambique.

25 de Julho — Dia da mulher negra latino americana e caribenha, uma data para rememorar a luta de mulheres negras latino-americanas e caribenhas para uma sociedade mais justa. É dia para se relembrar a história de Tereza Benguela, líder quilombola símbolo da resistência contra escravização.  

31 de Julho – Dia da Mulher Africana — este dia foi consagrado no ano de 1962 para a reflexão do papel da classe feminina de África na sociedade.

9 de Agosto — Dia da mulher Sul-Africana, essa data surgiu no ano de 1956 quando mais de 20 mil mulheres sul africanas de todos os pontos do país marcharam em direção ao Union Buildings (Palácio Presidencial em Pretória e Sede do Governo) em protesto contra a extensão das leis que restringia o movimento das mulheres.

Nesta ferroviária, são diversas histórias em um único cenário e consequentemente aqui está sendo escrita a minha história de vida, uma mulher negra viajante que (R) existe e que veio trabalhar como voluntaria em Moçambique, com uma mochila nas costas, vivenciando experiências em casas de família que sempre foram muito afetuosas e cuidados para comigo.

Agora eu preciso ir porque o trem acaba de chegar e irei embarcar, embarque você também nessa viagem.

Rebecca Aletheia embarcando na viagem de trem em Caia Moçambique

https://www.instagram.com/rebeccalethei/

Este texto teve a sua publicação no Jornal da Folha de São Paulo, deixo o link para que possa apreciar.

https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/03/04/mulheres-negras-viajantes-existem-e-resistem-pelas-estradas-diz-enfermeira/

Sugestões de viagens para 2020 e 2021

O ano já começou e já planejou a sua viagem ou viagens para 2020 ou 2021, nós da Bitonga Travel daremos algumas sugestões de lugares para você se planejar e embarcar em vivências e experiências prá lá de especial, estão preparados?

Não vale arranjar desculpa de que não gosta de viajar sozinha/o as opções são grupos de viagens, assim você poderá viajar muito bem acompanhada/o. 

E uma dica, quando você fechar qualquer viagem, mencione que foi indicação da Bitonga Travel e você irá receber um brinde ou desconto, vamos? 

Março – Viagem para 2020

Plana Vivências – Vivência no Quilombo “Prosa & Farinhada”

Plana Vivências
Plana Vivências

Destino: Quilombo da Fazenda  

Data: 20 a 22 de março (chegada sexta a noite e retorno domingo a tarde)

Local: Quilombo da Fazenda, Picinguaba, Ubatuba/SP

Valor: R$ 450,00 à vista (consulte opções de parcelamento)

Inclui: Duas noites de hospedagem coletiva em casa familiar; refeições completas (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar); atividades da programação com monitores locais; e acompanhamento da equipe da Plana.

Reservas: http://bit.ly/pre-reserva-viv

https://www.instagram.com/planavivencias/

BRAFRIKA – Viagens

Brafrika - Viagens
Brafrika – Viagens

Destino: Expedição Palmares – Maceió De 20/03/20 – 24/03/2020 Chegada em Maceió, encontro no Aeroporto de Guarulhos para embarcar com destino a Maceió. Oportunidade de nos conhecer, conversar sobre nossas histórias até esse momento, e construir laços de afeto! Chegando em Maceió, teremos traslado até o hotel.

Reservas: https://brafrika.com.br/

https://www.instagram.com/brafrika_viagens/

Rotas Viagens e experiência

Viagens Julho 2020

Rotas Viagens e Experiência 

Rotas Viagens e Experiências
Rotas Viagens e Experiências

08/07 a 12/07 Serra Gerais -TO

Camila da Silva França Souza

Redes sociais – Instagram – @rotasviagens_experiencia

WhatsApp – ‪(11)97958-7378‬ 

E-mail – rotasviagensetrilhas@gmail.com

Viagens Setembro 2020

Brafrika – Viagens

Pacote Saara – Marrocos

https://brafrika.com.br/f/pacote-saara-%E2%80%93-marrocos—6-dias

Duração: 6 dias e 5 noites – Valor Terrestre e Aéreo: R$ 4.670,00  

Incluso no valor: Passagens aéreas saindo de São Paulo, Hospedagens, passeios e refeições mencionadas.

Data: Saída dia 21 de Setembro e volta dia 27 de Setembro. 

Keep Travel Viagens

Keep Travel
Keep Travel

Pacote Cartagena

Pacote inclui: Passagens aérea saindo de São Paulo, 9 diárias de hospedagem com café da manhã no hotel Cartagena Plaza, Transfer In & Out + 3 passeios incríveis

Mais informações: (37)3402-0268

https://www.instagram.com/keeptravelviagens/

https://linktr.ee/Keeptravel

Viagem Outubro – 2020

Rotas Viagens e Experiência 

08/10 a 14/10 ou 22/10 a 28/10 Deserto do Atacama – Chile 

Camila da Silva França Souza

Redes sociais – Instagram – @rotasviagens_experiencia

WhatsApp – ‪(11)97958-7378‬ 

E-mail – rotasviagensetrilhas@gmail.com

Viagem Novembro 2020

Brafrika – Viagens

AFROPUNK Brasil

Festival dia 28 e 29 de Novembro de 2020 em Salvador – Bahia

https://brafrika.com.br/

Viagem – Janeiro 2021

Destino Afro

Destino Afro
Destino Afro

Viagem Afrocentrada – Maputo Moçambique  

09 a 17 de Janeiro de 2021

Quer saber todos os detalhes, descrição detalhada no link abaixo. 

https://shoutout.wix.com/so/cfMxI-2b6?cid=00000000-0000-0000-0000-000000000000#/main

Carina Santos

Fundadora da Black Travelers

Telefone: 21 95905-4077

Instagram: @destino.afro @blacktravelers

Email: destinoafro@gmail.com

https://www.blacktravelers.com/

Destino Afro

Bom por hora é só, acredito que se você estava precisando de uma inspiração para sua ou suas viagens 2020 e/ou 2021, espero que esse cronograma tenha valido a pena.

Essas empresas são geridas por mulheres negras e acreditamos que potencializar o trabalho de mulheres negras é importante para uma sociedade mais igualitária.

Leia também…

4 Mulheres negras viajantes angolanas que você precisa conhecer

2 de março, é Dia da mulher Angolana, este dia é alusivo em reconhecimento ao papel das mulheres angolanas desempenhado na luta de resistência do seu povo contra a ocupação colonial portuguesa.

Nesta data mulheres angolanas importantes fizeram história como representativos dos feitos heróicos da rainha Ginga Mbandi, num passado distante, e de Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Engrácia dos Santos, Teresa Afonso, Lucrécia Paim e outras célebre anónimas.

Ginga Mbandi

A Organização da Mulher Angolana (OMA), criada em 1962 como ala feminina do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), teve uma influência crucial no apoio às forças guerrilheiras dentro e fora de Angola.

Organização da mulher Angolana

No dia da mulher Angolana, destacaremos 4 perfils de Instagram de mulheres negras viajantes angolanas que estão a se mover, percorrer e pertencer. Não é de hoje, é milenar, mulheres negras viajantes existem, resistem diariamente pelas estradas, rodoviárias, ferroviária e avião.

Reconhecer que a trajetória de uma mulheres negras e africanas tem o seu diferencial e muita ancestralidade.

1. Maria Borges

María Borges

Modelo, empreendedora visionária mulher africana que inspira e motiva pessoas por onde passa, até mesmo na passarelas.

https://instagram.com/iammariaborges/

2. Tatiana

https://instagram.com/piecesoftati/Tatiana em Zanzibar

Viajante sola por mais de 23 países, esbanja experiências magnífica ao redor do mundo e pelo continente africano, correspondente Bitonga Travel. Um perfil incrível para se inspirar e se apaixonar por essa mulher é por suas viagens.

https://instagram.com/piecesoftati/

3. Niria Gomes

Niria Gomes – Quedas de Calandula

Uma mulher que além de empreender, faz do seu país o seu melhor roteiro esbanjando duplamente a beleza local.

https://instagram.com/nicanela/

4. Mer lina

Mer lina – Hanoi

A dona do sorriso, da beleza e das viagens maravilhosas. Aquele perfil que é encantador.

https://instagram.com/thesmilesize/

Dicas de viagem – 35 dias de Mochilão sabático em Alter do Chão

Para quem não me conhece, me chamo Suzy Cruz. E neste relato irei compartilhar como foi a minha experiência de 35 dias em um mochilão Sabático em Alter do Chão – Pará

A mochilera – Suzy

De 2017 a 2018, percorri inúmeros locais na Amazônia. Após navegar pelos rios Negro, Amazonas e Branco, e dar um pulo na Venezuela, decidi conhecer o caribe de águas doce do Brasil: Alter do Chão, Pará.

Rio Tapajos – Suzy

Segue algumas dicas, fotos e minhas percepções sobre a região. Lembrando que os preços estão desatualizados, visto que a viagem aconteceu em 2018. Porém, achei importante inserir para vocês terem noção. Surgiu dúvidas? Anotem meu ig ou enviem as perguntas para meu e-mail, terei prazer em responder: suzi.tour@gmail.com

Alter do Chão

Alter do Chão

Curiosas para conhecer ou relembrar? Naveguem comigo!

Reparem na cor dessa água que muda conforme a posição do sol

Meu início em Alter do Chão

Cheguei em Alter num domingo à noite e nem tinha onde ficar. Saí da Venezuela direto para o estado do Pará com a cara e a coragem. Não havia pesquisado nada.

Pernoitei num redário, mas ainda não estava confortável. Nada contra dormir em redes. Passei toda a minha viagem babando dessa forma. Depois que você aprende a dormir atravessado, parece que você está numa cama mesmo.

Continuando: Saí sem rumo em Alter no outro dia e, através da Paula, voluntária do Hostel Don Preguiça, fez questão de me apresentar aos donos do local. Como iria ficar um tempo considerável no distrito, trabalhar em troca de hospedagem seria supimpa.

Como o universo nos conecta com pessoas incríveis. Imaginava ficar apenas duas semanas, todavia, acabei aumentando para um mês e alguns dias minha estadia por lá.

Cores do Alter por Suzy

Como cheguei nessa região?

– Barco de linha Manaus – Santarém: R$ 80,00;

– Ônibus coletivo Santarém – Alter do Chão: R$ 3,60.

Sobre as hospedagens em Alter…

– Há redários a partir de 15 pilas. Se ficar mais tempo, consegue pagar apenas R$ 10,00 por dia. Vale a pena conversar dependendo do tempo que ficará no local;

– Se a sua carteira está mais recheada, há pousadas requintadas. Em relação aos hostels, na época, encontrei quartos compartilhados, a partir de 35 reais;

–  No meu caso, eu fiquei mais de um mês. Então, procurava um local para dormir em troca de trabalho. Tive direito a uma cama macia, ar condicionado, banheiro limpinho e café da manhã!

Flona de Tapajós

Antes de desvendar Alter do Chão, tive a oportunidade de pernoitar na Flona do Tapajós.
Mas Suzy, o que isso? Significa Floresta Nacional. Tem como finalidade, o uso sustentável dos recursos florestais e, também, a pesquisa científica.

Flona de Tapajós – foto de Suzy

Como chegar na Flona?

Eu estava quase sem grana, então, fui de transporte público mesmo. Aliás, não tenho nenhum problema com isso. Praticamente, 99% das minhas viagens são aproveitadas dessa forma. Paguei 12 pilas. Baratíssimo. Saída do busão é em Santarém. O percurso dura, aproximadamente, 4 horas de viagem.

” Ainnn Suzy, muito tempo. Há outras formas de se chegar na floresta nacional? ” De barco, mas não recordo o valor. Quem souber e puder compartilhar…

Quantos dias ficou por lá?

Tive a oportunidade de ficar 3 dias na casa do Seu Bata e da Dona Socorro. Esse simpático casal mora na comunidade do Jamaraquá. Eles trabalham com turismo de base comunitária.

Dona Socorro, Seu Bata e eu

– Onde dormiu?

Para ficar no redário (local onde se coloca redes) dessa família, paguei um pacote 50 reais por dia, incluso as três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Excelente custo benefício.

Redário

– Me fale mais sobre a trilha e guias disponíveis na Flona.

Seu Bata foi meu guia. Sabe de tudo sobre a floresta. Na trilha, contou muitas histórias. Desde quando era criança até quando se deparou com onça. Possui um senso de humor incrível. Evidente que há muitos outros guias, inclusive, os próprios parentes do seu Bata. Caso ele não esteja disponível na data que almeja, peça indicações em Alter do Chão – pousadas e hostels costumam informar. Ou vá direto ao local.

 – Quanto custou a trilha?

A trilha que eu fiz custou 150 reais divididos por 5 pessoas (30 reais para cada um). Conheci a Samaúma, dentre outras árvores também importantes, um mirante e descemos até um igarapé de águas límpidas! Aproximadamente 10 km (ida e volta).

Sumaúma ou Samaúma

Duração do percurso é de aproximadamente 4 horas. Se forem para a Flona, indico sua casa para pernoite e seu trabalho como guia de olhos fechados. Tenho certeza que será uma linda experiência!

Olha a cor dessa água

Carimbó

Uma das mais tradicionais expressões culturais da região norte, chama-se carimbó. Provém de uma fusão de influências indígenas, negra e ibérica. Desde 2014, é reconhecido como patrimônio cultural brasileiro.

Casal dançando carimbo

Todos bailam descalços. As mulheres sempre dançam com lindas saias coloridas e rodadas. Na época, toda quinta-feira à noite, rolava apresentações na rua. De graça!

Mulher dançando carimbó

Ilha do Amor

Fica defronte a região central do distrito. Na cheia, os quiosques desse local, ficam todos submersos. Na seca, o rio recua e as praias se descortinam.

Ilha do Amor aparecendo

O lugar é sensacional: possui águas claras, mornas e areia branquinha.

Ilha do Amor: quando as águas começam a baixar

Como chegar na Ilha do Amor?

Vá de catraia;

Barco comporta até 4 pessoas;

Na época, paguei 5 reais (1 real e 25 centavos para cada um – valores de 2018).

Catraias

Ilha do Amor

Serra da Piraoca

Há, também, uma trilha a partir dessa ilha, para chegar na serra da Piraoca ou Piroca. De lá, tu tens uma visão 360º graus. Muitos vão no final de tarde para ver o pôr do sol. Vale a pena! Em 20 minutos, cheguei ao cume. O início da trilha é bem tranquilo. Quando começamos a subir a serrinha, há pedras soltas e o aclive é intenso. Tomem cuidado para não escorregar. Água e lanterna é importante. E, claro, câmera/celular para quem quer registrar o espetáculo.

Vista do Tapajós da serra da Piraoca

Outros Tours que Valem a Pena

Passeio na Floresta e Igapó

Fui agraciada com um passeio na floresta (em Alter do Chão) com o Seu Pitó (guia/nativo): beber água direto do cipó, aprender o processo da seringa, ver uma infinidade de plantas medicinais, comer formigas com gosto de bala refrescante, nadar num igapó de águas cristalinas e, ainda, conhecer a formiga com propriedades de repelente natural (basta pegar algumas e friccionar em qualquer parte do corpo).

Seu Pitó

– Suzy, me explica: o que é um igapó?

– É uma floresta alagada. Caso queiram conhecer esse tipo de paisagem, tente ir antes de agosto;

– É seguro nadar? Minha amiga tu tá na floresta amazônica, então, sabe que nós que invadimos esse ambiente e não o contrário. Antes de entrar em qualquer local, pergunte a um nativo e/ou guia. Eles terão prazer em responder.

– Só explicando que no ano sabático que passei por lá, nunca fui picada por cobra, não fui mordida por piranhas, nem morcegos e nenhuma onça correu atrás de mim. Só tive um susto no rio Negro: estava tomando banho, quando um baita jacaré açu começou a vir na nossa direção. Eu nunca corri/nadei tão rápido na minha vida na água…  Nem sei nadar, se quer saber. Com nossos gritos, o jacaré acabou se assustando e sumiu…

– Outro detalhe é que voltei cheia de manchas na pele porque os insetos quase me devoraram. Gente, eu trabalhei por mais de 4 meses dentro de um parque nacional (floresta adentro). Natural ser picada por insetos. Tinha alguns que simplesmente passavam pelo tecido. E a coceira? Sabe aquela coceirinha gostosa que sai até sangue? Pois é. Aconteceu muito comigo. Mas, quer saber? Faria tudo novamente.

– Mataraí

Na época, estava sem grana para fazer passeios de barco e alcançar praias distantes. E ainda, ia visitar Algodoal, Belém e adjacências. Então, precisava poupar o restante. Estava viajando há 11 meses pela Amazônia com apenas 5 mil pilas. Tinha muito pouco no bolso. E o que a gente faz? Trekking, arrasta o chinelo, bate perna, come poeira. Eu amo caminhar e só a aventura de chegar nesse local, já super valeu a pena! Uma hora e alguns quilômetros depois, surgiu uma praia deserta com águas quentinhas e claras para chamar de nossa! Como cheguei por lá? Peguei um atalho na Ilha do Amor e andei sem rumo. Aportei nesse paraíso!

Praia Super Deserta

Não é o caso desse local, mas deixo um conselho: peça licença para a Mãe Natureza e aproveite das experiências sem barulho. Nas minhas andanças, não só pela Amazônia mas em outros locais do Brasil, percebi que as pessoas adoram fazer algazarra, gritar, levar caixinhas de som… Atente-se aos sons naturais. Respeite o silêncio!

– Encontro dos rios Amazonas e Tapajós em Santarém

Sabia que existe outro encontro de rios fora o Solimões e Negro? Simmm! É o encontro dos rios Amazonas (barrenta) e Tapajós (cristalina). Tem vontade de conhecer? Tenho uma dica: há um mirante bem bacana para visualizar essa obra da natureza. Fica em Santarém, na Praça da Fortaleza do Tapajós. Lembrando que é de graça, 0800, free!

Caso não seja essa experiência que tu queira, pode alugar um barco e ir até o ponto de encontro desses dois rios. Também é válido!

Encontro dos rios Tapajós e Amazonas

Pôr do Sol em Santarém

Mercadão (Santarém)

Recomendo visitar o mercadão 2000. Geralmente, eu comprava frutas e verduras nesse local. Super baratinho e melhor: você compra de produtores locais! Ah, o busão que vem de Alter te deixa em frente.

Mercadão 2000

Bom, essas foram as minhas dicas e imagens dessa linda região do Pará.

Foi uma experiência de 35 dias na região.

Curtiu? Já foi? Ficou com vontade de conhecer? Caso possuam meios e tempo para ir, aviso: irão se apaixonar!

Se surgirem dúvidas, enviem mensagens.

Fim de Tarde na Praia do Cajueiro

Pôr do Sol na Praia do Cajueiro

Passarela para o CAT- Centro de Informações Turísticas

Dias eventuais, apenas eu estava na praia

Encontro com mochileiras em Alter

Nas ruas do distrito

Infelizmente, não sei a autoria do desenho

                            Há outros locais que deixei para trás porque havia dias que queria ficar ociosa mesmo. Quando digo ociosa, era passar horas no meu esconderijo, numa praia quase particular, porque quase ninguém ia para lá. Confesso que, determinados momentos, sou bem introvertida e gosto de ficar só. Aliás, não estava com pressa e meu estilo de viagens é bem lento mesmo. Gosto de sentir a vibe, conversar com os moradores, saber a história, compreender a rotina. Evidente que, para quem trabalha e tem poucos dias de férias, isso realmente não funcione, enfim… Só digo: cada um tem uma maneira de contemplar e experimentar viagens.

Desfrute!